Juros futuros: O que são e como analisar?
Também chamados de "DI", a curva de juros impacta direta e indiretamente em todos os investimentos de renda fixa e papéis no mercado de ações
Com o cenário atual da economia global, um indicador tem sido frequentemente analisado: os juros futuros. Mas, afinal, o que eles são? Basicamente, os juros futuros são o custo do dinheiro ao longo de um período específico. Na B3,a bolsa de valores brasileira, é possível negociar contratos de juros futuros, chamados de “DI”, com diversos vencimentos diferentes.
Geralmente, são operações mais utilizadas por tesouraria de bancos, fundos de investimentos e outros investidores institucionais. Estes contratos são considerados pelo mercado como a projeção futura do custo do dinheiro para os bancos e governo para prazos mais longos. Os juros futuros são analisados através de uma curva, que é a observação conjunta e em gráfico de todos os vértices de vencimentos dos próprios juros futuros, em que é possível observar qual o juros praticado para cada vencimento em uma única imagem.
De acordo com Paulo Cunha, especialista em mercados financeiros e CEO da iHUB Investimentos, a curva de juros futuros está ligada a todo o tipo de investimento. “ A curva está intrinsecamente relacionada com qualquer investimento que realizamos, desde renda fixa a ações, bitcoin e até mesmo se formos adquirir um imovel, porém interfere de maneira diferente em cada um deles”, comenta.
Como a curva de juros se comporta?
No caso da renda fixa, quanto mais altos os juros, mais atraentes os investimentos nesse segmento. Isso acontece por conta da rentabilidade, consequentemente, a taxa oferecida pelos papéis aumenta. De maneira mais direta, as aplicações de renda fixa pré-fixadas, depois os indexados a IPCA+ são influenciados fortemente. Nos demais ativos, a curva afeta de maneira indireta, com um impacto negativo.
Para as ações, os juros mais altos encarecem o custo das dívidas das empresas, prejudicando suas margens de lucro e, em muitos casos, até mesmo fazendo algumas empresas se endividar e terem grandes problemas contábeis. Já o Bitcoin, assim como outros ativos de risco, também costuma responder de forma negativa, uma vez que juros maiores costumam vir acompanhados de uma maior aversão ao risco.
Até mesmo os imóveis tendem a sofrer, primeiro porque o crédito mais caro restringe as vendas e acaba diminuindo o preço para quem precisa vender. Sob a ótica do investidor, como a renda fixa fica mais rentável, a rentabilidade do aluguel pode ficar menos atraente do que deixar o dinheiro aplicado.
Como analisar os juros futuros?
“Geralmente, se observa a curva de hoje comparando-a com os preços que estavam sendo praticados em períodos anteriores, uma semana atrás, um mês atrás, por exemplo. Se a curva hoje está mais baixa do que na semana passada, temos uma tendência de queda dos juros e isso pode estar beneficiando ativos de risco. Se a curva está mais alta, possivelmente está penalizando os ativos de risco, assim como o custo de empréstimo para as empresas e para o mercado”, explica o CEO.
Não existe nenhum órgão delimitando a variação da curva de juros. Ela é dada pelo próprio mercado conforme as operações são realizadas diariamente, assim como na Bolsa. O Banco Central atua apenas nos juros a vista, que valem para aplicações pós-fixadas de um dia útil para o outro.
Existe uma curva de juros negativa?
O termo, “curva de juros negativa” não existe; o que pode acontecer são os juros nominalmente negativos que, em tese, um valor é aplicado e o recebimento é menor quando a aplicação vencer, pode vir a ocorrer em momentos de deflação e de tentativa dos Banco Centrais em aquecer a economia. O que se caracteriza como comum são os juros reais negativos, que são os juros em patamares menores que a inflação. Portanto, isso faz com que o aplicador perca valor de compra.
“Os vencimentos e decisões das empresas e investidores sempre levam em conta os juros futuros, que são formados pelo mercado conforme explicado. Portanto, curiosamente, fazer o Banco Central diminuir o juros à vista pode fazer com que os juros futuros tenham um crescimento e causem o efeito inverso ao esperado”, finaliza Paulo.
Sobre iHUB Investimentos
A iHUB Investimentos é uma empresa especializada em assessoria de investimentos credenciada pela XP Investimentos. Possui mais de 3,5 mil clientes, somando mais de R$1,5 bilhão em valores investidos sob custódia.