Métodos de pagamentos alternativos: APMs podem ser pontos-chave de uma estratégia vencedora
Os métodos de pagamento alternativos, conhecidos pela sigla APMs, são modelos que valorizam as preferências do consumidor, contribuindo para aumentar as taxas de aceitação de transações de pagamento
Os métodos de pagamento alternativos, conhecidos pela sigla APMs, são modelos que valorizam as preferências do consumidor, contribuindo para aumentar as taxas de aceitação de transações de pagamento. Tendência crescente no mundo todo, os APMs acabam sendo uma ferramenta de natureza estratégica, pontos-chave para a expansão dos negócios.
Existem diversos aspectos envolvidos na adoção e na disseminação dos APMs. Em termos locais, há uma dinâmica que nasce do desejo dos governos de investir na eficiência de seus próprios ecossistemas de pagamentos, de forma a aumentar sua abrangência.
Os processos de pagamento locais, vale destacar, são um dos grandes impulsionadores dos APMs. Tome-se o exemplo do Pix, implementado pelo Banco Central do Brasil em novembro de 2020. Construído com foco na inclusão financeira, o sistema já conta com cerca de 710 milhões de chaves cadastradas. De acordo com dados do Banco Central, publicados em maio de 2023, o Pix atingiu 29% do volume total de transações financeiras feitas em 2022, superando as transações com cartão de débito e crédito no País. Outros exemplos incluem transferências bancárias via internet e métodos de pagamento locais, como o iDEAL nos Países Baixos e o Multibanco em Portugal.
Por sua vez, o open banking está por trás de grande parte das inovações atuais e promete transformar o mercado financeiro, permitindo que bancos e instituições financeiras possam usar os dados dos clientes para criar melhores produtos e serviços. No Brasil, a implementação do open banking está bem avançada e é considerada referência mundial, segundo relatório da Global Open Finance Index. A expectativa é que essa inovação estimule a concorrência entre as instituições financeiras, com a possibilidade de os consumidores compararem os serviços com mais facilidade; também ajuda a personalizar os produtos e serviços, melhorando a eficiência das instituições financeiras e a experiência do cliente.
“Compre agora, pague depois” é mais uma grande tendência no ambiente de pagamentos. A flexibilidade e a conveniência do BNPL (“buy now, pay later”) formam um apelo principalmente para os mais jovens, que demandam essas qualidades dos produtos e serviços que consomem. A expectativa é de que a adoção do BNPL cresça a uma taxa anual composta de 24,5% entre 2022 e 2028 em mercados como o do Reino Unido, onde esse formato já tem uma boa adesão, o que pode sinalizar uma tendência que poderia ser replicada em outros países.
Em uma outra frente, o relatório da Mordor Intelligence estimou que, entre 2021 e 2025, a adoção de aplicativos de carteira digital, como Google Play e Apple Pay, avançam a uma taxa anual composta de 26,9%. Os pagamentos móveis são fáceis e intuitivos para o consumidor, uma grande vantagem para as carteiras digitais. Além disso, a preocupação do consumidor com segurança contribuiu para a popularidade desse modelo de pagamentos.
Embora estejam em primeiros passos, longe ainda de serem um método de pagamento amplamente adotado, as criptomoedas estão ganhando força aos poucos. Marcas do peso de Microsoft, Home Depot (rede americana de lojas de ferragens) e Starbucks já aceitam pagamentos com moedas digitais.
É notável, portanto, a crescente aceitação dos APMs pelos consumidores. Mas o que os torna ainda complexos para quem os recebe? Um dos pontos é a falta de uniformidade de aceitação e processamento desses sistemas globalmente.
Nos Países Baixos, a maioria dos consumidores usa o iDEAL, preferência que no Brasil é de Pix e boletos. Na Ásia e no Pacífico, os favoritos são o WeChat e Alipay, enquanto nos EUA predominam ACH, RTP e cartões. Pensando apenas nesses exemplos, fica evidente que os vendedores que não aceitarem esses meios de pagamento nesses respectivos mercados deixarão de vender para muita gente. Operar globalmente, nesse contexto, é especialmente desafiador, exigindo das empresas parcerias com agentes locais.
Pode não parecer importante à primeira vista, mas a localização dos pagamentos faz muita diferença para os negócios. Por isso, é fundamental que os parceiros de pagamento estudem quais os APMs mais usados em cada mercado e se ofereçam como opção de pagamento nos mercados em que atuam. Assim, todos os envolvidos saem ganhando.
*Rafael Lavezzo é vice-presidente da Nuvei América Latina. Formado em Administração de Empresas pela PUC-Campinas, Rafael Lavezzo tem MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atuou como gerente de Vendas em grandes empresas de tecnologia e meios de pagamento. Na Nuvei desde 2021, apoia comerciantes globais e locais no gerenciamento de transferências de fundos, na gestão de risco, no pay-in e pay-out, na conversão de moedas e nos mercados de cripto e NFTs.