Open Finance nas empresas: novos caminhos para popularização

Gustavo Lino, presidente da Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamentos (INIT)

Com apenas 1,1% de adesão no país, a utilização do Open Finance pelas empresas brasileiras ainda tem um caminho a ser percorrido para que seus benefícios reais possam ser aproveitados. O aumento da confiabilidade nos dados transmitidos, a adoção da jornada sem redirecionamento, além da ampliação dos dados alcançados pelo Open Finance, são alguns dos desafios a serem enfrentados pelo setor para que a modalidade se popularize.

No entanto, a simplificação dos processos financeiros da empresa tanto por meio de sua centralização de informações, quanto pela utilização da iniciação de pagamentos estão entre as principais melhorias. Além disso, a facilitação no acesso ao crédito - em especial para PMEs - também tem potencial ainda pouco explorado. Isso significa que as empresas poderão receber ofertas de diversos serviços por outras instituições financeiras que não tenham relacionamento prévio, proporcionando melhores negociações.

Conhecidamente, assim como aconteceu com o PIX, no Open Finance também observamos uma curva de adoção mais lenta em relação ao usuário PJ. Dentre outros fatores, isto se deve à necessidade de adequação de fluxos e sistemas internos por parte das empresas. Muitas delas utilizam sistemas internos de gestão que se baseiam em APIs ou EDI e conceitos anteriores ao Open Finance, com adequação que demanda um tempo maior. Além disso, é natural que as empresas passem a perceber os benefícios trazidos pelo Open Finance após seu amadurecimento e correção de erros, para que estes não impactem na sua operação.

Neste contexto, as Instituições Financeiras, Banco Central, fintechs e a própria INIT terão papel fundamental na evolução da adesão das empresas ao Open Finance por meio da conscientização dos benefícios que o sistema poderá proporcionar. Com o engajamento do Banco Central e demais agentes do mercado, podemos esperar que o Open Finance amplie ainda mais sua atuação e traga melhorias significativas para os usuários, incluindo empresas. A forma como lidamos com nossa gestão financeira será transformada nos próximos anos, como o próprio BC já afirmou em algumas ocasiões, dando maior autonomia para o usuário e simplificando todos os fluxos financeiros, seja de pagamento ou gestão.

É importante ressaltar que o Open Finance é um conceito que as empresas buscam há muito tempo, já que a centralização das suas operações financeiras e a adoção de novas tecnologias podem mudar a forma como enxergam suas operações, trazendo uma visão muito mais estratégica das finanças de uma organização.

Sabemos que o Banco Central está engajado em dialogar com o setor, buscando novas melhorias, tendo a simplificação nos fluxos de consentimento para PJ como um bom exemplo, quando, na maioria dos casos, existe a necessidade de múltiplos aprovadores. Essa é uma dor que o mercado como um todo identificou e conquistou. O BC, por sua vez, entendeu o impacto e, ainda em 2023, propôs melhorias que devem ser implementadas pelas instituições transmissoras de dados para que esse fluxo seja destravado

Na nossa perspectiva enquanto associação, acreditamos que muitas das novidades esperadas para 2024 terão impacto direto para os usuários PJ, como as Transferências Inteligentes, por exemplo. O novo fluxo de pagamento, que está relacionado às entregas de Pix Automático, poderá facilitar a gestão financeira das empresas, automatizando muitos processos, trazendo agilidade para seus clientes pagadores e reduzindo, potencialmente, as taxas de inadimplência, além de reduzir ineficiências.

Mesmo que o Open Finance ainda não seja um consenso no mundo corporativo, o setor está em movimento, explorando novas possibilidades e preparando o terreno para que as empresas possam colher bons frutos em breve.

SOBRE A INIT

Fundada em 2021, a INIT (Associação dos Iniciadores de Transição de Pagamentos – ITPs) tem como um dos objetivos principais representar os ITPs e fazer avançar a agenda evolutiva do Open Finance no Brasil.

A entidade busca reunir e representar as empresas na construção do Open Finance e do futuro dos serviços financeiros e de pagamentos no Brasil, simplificando a vida dos usuários e empresas, aumentando a segurança dos processos de pagamento, otimizando a concorrência no setor e democratizando o acesso ao sistema financeiro no país.

A INIT já conta com 12 associadas, composta por empresas diversos modelos de negócio e porte, incluindo e-Commerce, instituições financeiras, startups e promove debates e encontros regulares com representantes do Banco Central para ampliar o conhecimento e as funcionalidades do Open Finance no sistema financeiro do país.