Economia 2025: Crescimento Lento e Cautela Fiscal
Perspectiva de endividamento de 82% do PIB e maiores taxações estão no radar do mercado financeiro
O cenário econômico para 2025 apresenta uma recuperação lenta, mas positiva, com o Produto Interno Bruto (PIB) projetado para crescer modestamente. Segundo o Boletim Focus do Banco Central, as expectativas são de um crescimento de 2,20% para o final de 2024. Embora essa taxa de crescimento pareça modesta, ela reflete uma recuperação significativa em um ambiente global ainda incerto.
Daniel Abrahão, economista e sócio na iHUB Investimentos, destaca que o consumo interno será um dos principais motores dessa expansão, impulsionado pela retomada gradual da confiança dos consumidores e pelo investimento em infraestrutura e energia.
“A possibilidade de uma desaceleração econômica global pode afetar as exportações brasileiras, o que torna o ambiente ainda mais desafiador. O crescimento de 2024 deve ser visto como um passo importante na direção certa, mas ainda longe de ser o salto necessário para resolver os problemas estruturais do país", afirma Abrahão.
Para 2025, a prioridade do governo federal deve ser o controle do déficit fiscal e a sustentabilidade da dívida pública. Com a dívida bruta do governo podendo chegar a 82% do PIB, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional; há necessidade de uma combinação de cortes de gastos e reformas para evitar que a dívida saia do controle.
Política Fiscal: Desafios e Estratégias para Sustentabilidade
O controle da política fiscal será um dos principais desafios do governo em 2025. Daniel Abrahão aponta que a dívida pública brasileira, projetada para continuar crescendo até o final de 2024, precisa ser gerida com disciplina fiscal rigorosa. "O governo deve focar em reformas que melhorem a eficiência dos gastos públicos e ampliem a base de arrecadação sem sufocar o crescimento econômico", diz o economista.
Reformas estruturais, como a tributária, são essenciais para garantir a sustentabilidade fiscal e criar um ambiente econômico mais estável. Abrahão sugere que o governo explore parcerias público-privadas (PPPs) e concessões como formas eficazes de atrair capital privado e reduzir a necessidade de financiamento público direto.
Política Monetária: O Desafio de Controlar a Inflação
A política monetária desempenhará um papel crucial no controle da inflação em 2025. Com a taxa Selic atualmente em 10,50%, o Banco Central terá a difícil tarefa de manter a inflação dentro da meta de 3% ao ano, com uma margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Embora a política monetária esteja bem posicionada para controlar a inflação, ela não pode alcançar o sucesso sozinha.
"A responsabilidade fiscal e a estabilidade política são essenciais para que o Banco Central possa manter a inflação sob controle. Qualquer desvio na política fiscal ou instabilidade política pode resultar em uma inflação acima da meta, exigindo uma postura mais agressiva dos líderes do BC”, afirma.
Comércio Internacional e Setores de Crescimento: Oportunidades e Riscos
O Brasil continuará a desempenhar um papel relevante no comércio internacional, especialmente nos setores de agronegócio e mineração. No entanto, Abrahão alerta que a dependência excessiva de poucos mercados, como a China, pode ser arriscada em um cenário global incerto. "É essencial que o Brasil diversifique seus parceiros comerciais e busque novos mercados para proteger sua economia contra choques externos", destaca.
Para 2025, os setores de agronegócio, energia renovável e tecnologia devem liderar o crescimento econômico do país. Com o Brasil se consolidando como líder mundial em energia renovável, há um grande potencial para inovação e criação de empregos de alta qualificação, fundamentais para o desenvolvimento econômico a longo prazo.
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